Já há alguns anos vivendo na Europa, percebo que as empresas estão reduzindo obstáculo de comunicação durante a pandemia. Em vez de falar com o assistente do assistente, hoje o cliente exige falar com quem resolve. É especialmente verdade para as agencias de publicidade: o cliente quer ser atendido pelo criativo ou pelo chefe. Ou seja: por quem manda.
E isso mostra uma realidade clara: as empresas precisam ir para o spa, ficar mais leves. Na publicidade, esse debate antes se dava porque era bonito falar que a empresa era “lean”. Agora, é uma necessidade: ou as empresas perdem peso, cortam gorduras, fazem uma prolongada estadia no spa, ou morrem. Não é estética, é sobrevivência.
E a pandemia também descortinou que tudo o que antes parecia necessário – escritórios chiques, um bando de assistentes, muita dificuldade em se falar com quem resolve – revelou-se supérfluo. Com a necessidade de ir para o home office, muita coisa simplesmente foi feita, independente do espaço físico. Isso põe a utilidade de grandes escritórios em xeque. As empresas vão provavelmente ter menos pessoas fixas, e muitas delas vão trabalhar em casa. Não acho que vá mudar de uma hora para outra, que vá ser radical. Mas que vai mudar, vai. E isso vai mexer com a arquitetura e a engenharia. Grandes construtoras vão investir em grandes edifícios corporativos? E as pessoas, ao mudar de casa, vão pensar na criação de um espaço de trabalho? Provavelmente sim. Até escolher um cachorro vai exigir reflexão: se você vai passar muito mais tempo em casa, vai querer uma raça que não passe o dia todo latindo.
Washington Olivetto