No mundo moderno, cheio de problemas sociais, econômicos e políticos em que vivemos, em que sua multiplicidade oferece exemplares de quase todas as fases históricas conhecidas, ouvir falar de problemas sociais é coisa que ocorre durante todo o dia.
Fatos e circunstâncias, de caracterização múltipla, encontram entre si, dentro da pluralidade de fatores que condicionam, um traço comum: o de serem problemas sociais.
A estrutura social está assentada na estreita e complexa interdependência que existe entre as partes que a compõem, além do que todas elas estão em permanente mudança. De fato, se nada existe de imutável na realidade objetiva, muito menos nas estruturas sociais. Acerca destas premissas, os problemas e as crises emergem.
Em sendo assim, o Gabinete de Crise pode ser entendido como sendo uma organização de pessoas baseada na divisão de trabalhos e de tarefas pré- determinadas, com funções específicas, com objetivos de colher informações; processar informações (coleta, análise e difusão); aplicar informações, através do planejamento e do auxílio à tomada de decisões; agir e reagir, através da implementação de planos e decisões e da coordenação de ações; apoiar todas as funções acima, através de um trabalho de logística e de administração; sede de autoridade para as operações diversas.
O gabinete de crise torna-se importante para concatenar idéias, padronizar diretrizes e ações em respostas aos eventos complexos (crises) que surgirem, e um gerenciamento conduzido de forma equivocada para a resolução dos problemas ou situações complexas, sejam eles nas instituições (públicas ou privadas), pode ocasionar consequências danosas e até irreversíveis.
Vale aqui ressaltar que uma situação complexa apresenta características peculiares sendo imprevisível (não sabemos o momento em que se iniciará), compreende tempo (não sabemos quanto tempo durará), e tem uma necessidade de postura organizacional/institucional/empresarial não rotineira (o problema não é ordinário, não ocorre todos os dias e momentos e por isso exige uma ação diferenciada e especial por parte dos gestores e colaboradores).
A forma e o modo com que se apresenta cada problema, em determinada situação de tempo, lugar e estrutura, são as diversas contextualizações e formatos pelos quais a mudança social se pode apresentar à sociedade em cuja estrutura ela ocorre, o que pode acontecer numa escala praticamente infinita de situações particulares.
Quando se fala em gerenciar uma crise, implica em que o órgão ou setor responsável pela adoção das medidas tem consciência de que esta poderá ocorrer, independente dos esforços adotados em sua prevenção.
O processo de tomada de decisão pelo gabinete de crise implica na atenção a se ter às características das decisões, à ausência de estrutura, à incerteza, ao risco e ao conflito. O gabinete de crise deverá estar harmoniosamente estruturado para que situações como a tomada de decisões repentinas não enfraqueça e muito menos abale a composição da equipe.
A tomada de decisão terá como fases a “ identificação e diagnóstico do problema, a geração de soluções alternativas, a avaliação das alternativas, a seleção e escolha, a implementação da decisão e a avaliação da decisão” e em sendo ela feita pelo gabinete de crise (equipe) agregará vantagens de impacto como a obtenção de maior conjunto de informações, maiores perspectivas nas abordagens e temáticas, estimulação intelectual. As pessoas entendem a decisão e as pessoas são compromissadas com a decisão.
No início de uma crise, assim que se estabelecer o gabinete, deve-se buscar a técnica do “Brainstorming” (tempestade de idéias) com o máximo possível de
idéias para a resolução da crise pelos atores envolvidos, evitando críticas, esgotando todas as idéias e as combinando por fim, avaliando a necessidade da decisão, se ela será aceita pelos envolvidos e avaliar se correr o risco é imperioso.
Por fim, frise-se alguns pontos importantes a serem bem geridos, observados, orientados pelo Gabinete de Crise, que se tornam também funções a serem exercidas pelo Gabinete de Crise ou Comitê de Gestão, quais sejam a produção de informações; o processo de negociação; os recursos humanos envolvidos; a gestão logística; a comunicação; as gestão Político-Governamental; a descentralização e gestão setorizada; os conflitos de atuação ou competência e; a estratégia a ser adotada.
Júlio Cezar Vilela Pereira, Major da PMMG, especializado em Segurança Pública e MBA em Gestão Estratégica, Inovação e Conhecimento.