Muito se fala sobre a importância da Educação, da qualificação dos profissionais no mundo corporativo. Isso é senso comum. Existe, entretanto, um distanciamento entre esse senso e o que realmente se aplica nas organizações.
Quando o alinhamento é entre Educação e Estratégia, o que se percebe é que o distanciamento se torna abissal. E é justamente aí que reside um gravíssimo problema, que merece toda nossa atenção.
A Estratégia precisa, primeiramente, ser concebida, formulada. Na sequência, precisa ser viabilizada e implantada, caso contrário, ficará apenas na retórica. Isso também não é novidade.
Em meio ao cipoal que envolve a economia, o mercado, os negócios, enxergar o melhor caminho não é tarefa fácil, não é para qualquer um. Somente pessoas muito bem preparadas podem fazer isso de forma assertiva. Quanto à materialização da Estratégia, que deverá ser, obviamente, desdobrada em um conjunto de ações, também a presença de profissionais à altura dos desafios se faz fundamental.
Equipe despreparada, desqualificada, significará cegueira na primeira grande dimensão – concepção da Estratégia – e paralisia, falta de engajamento, dentre outros farão com que a segunda dimensão – implantação – simplesmente não aconteça ou não aconteça na intensidade necessária para viabilizar a Estratégia em sua plenitude.
Recapitulando, o problema central, o pano de fundo do qual deriva todos os grandes problemas no campo da Estratégia se resume a gente, gente e gente.
Nesse contexto, somente um “instrumento” pode derrubar essas muralhas, essas aparentes intransponíveis barreiras, que pode ser traduzido por Educação.
Para ilustrar esse raciocínio vamos, primeiramente, no que tange à concepção da Estratégia, pensar, mas pensar muito bem, no que disse Pablo Picasso: “Há pessoas que transformam o sol em uma pequena mancha amarela. Porém, há também as que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.“. Complementando esse raciocínio, e conectando-o com a importância e o real papel da educação, o sábio filósofo alemão Nietzsche, que viveu no século XIX, disse que “É justamente ensinar a ver, a primeira missão da Educação”.
Quanto à segunda dimensão da Estratégia, a da implantação, o educador Paulo Freire pode ser uma referência quando disse que a “Educação não transforma o mundo. Educação transforma as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Se substituirmos a palavra mundo por empresa (e olha que a segunda é um grão de areia perto da primeira) poderemos ter ideia do real impacto do ensinamento do nobre educador.
Para fechar essa nossa reflexão, caro leitor, guarde bem a recomendação do gaúcho, filósofo e crítico de arte, Gerd Bornheim que afirmou categoricamente que “toda teoria sem ação é vazia e toda ação sem teoria é cega”.
Portanto, vamos a um conselho para presidentes, executivos e gestores: quanto à equipe e, com todo respeito, quanto a você próprio, não esqueça que uma boa dose de Educação nunca é demais, ou melhor, somente uma boa dose de Educação, em seu entendimento mais amplo, da educação corporativa à educação formal, fará toda a diferença para que a Estratégia de sua empresa saia do campo das intenções. E lembre-se, pode caprichar na dose, pois Educação não provoca efeito colateral por super dosagem.
Carlos A. Portela
Administrador, Educador, Consultor e Diretor Geral da Fundação Pedro Leopoldo.
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