A recomendação do rei Juan Carlos de Espanha ao então presidente da Venezuela Hugo Cháves durante a XVII Conferência Ibero-Americana, realizada na cidade de Santiago do Chile, no final de 2007, bem que poderia ser estendida aos nossos políticos. Falar ao público torna-se compromisso, pelo menos para quem tem responsabilidade e caráter.
Por isso, palavras precipitadas durante campanhas eleitorais viram o inferno para os eleitos, quando se deparam com o choque entre palanques e aplausos com gabinetes sisudos e críticas de toda ordem. São poderosa munição para os opositores, de modo geral mais preocupados com as futuras eleições do que com o próprio país.
Mas esse ainda não é o maior problema. A ingenuidade de governantes, que imaginam deter poder absoluto, os lança em desgraça até que descubram que a caneta do dirigente pode muito, mas não pode tudo. Ainda, que em democracia o dirigente é eleito pela maioria, mas o governo deve ser para todos, aliados e adversários. Esses dirigentes, ao falar se expõem a interpretações- inclusive as maliciosas-, abastecendo as mãos dos contrários com pedras que serão atiradas em seus telhados. E o pior acontece quando há telhas de vidro. E que político não as possuem? Claro que uma ínfima minoria não tem telhados de vidro. Por outro lado, protegidos por telhas mais robustas e opacas, não é possível lançarmos luz sobre suas verdades.
Por isso, somando as palavras do rei Juan Carlos às de Maurice Switzer, professor da Wharton School of Business, que recomenda “é melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida”, sugerimos aos nossos dirigentes uma arma poderosa: o silêncio. E deixar que o trabalho fale por eles.
(*)Júlio Miranda é consultor de estratégias para gestão de negócios
julio@mirandaconsult.net e Diretor do Conselho de Presidentes