O neologismo da moda é o termo UBERIZAÇÃO, mas o conceito que mereceu um verbete em nosso idioma já está por aí há quase trinta anos e o impacto dele pode acabar. ou potencializar o seu negócio.
Em 1985 a Dell se aventurou a atuar comercialmente sem um canal de comercialização. Ela pretendia, como de fato conseguiu, estar próxima de seus clientes. Muito próxima. Sem intermediários. EM 1995 foi a vez da Amazon. Depois em 2001 veio o iTunes. E em 2007 a Amazon fez acontecer de novo com o Kindle. Todos com a mesma filosofia. Venda direta. Acesso direto pelos consumidores ao fornecedor. Sem atravessadores.
Entretanto, não havia ainda uma forma de acesso pelos consumidores em todos os lugares, a qualquer tempo e literalmente ao alcance dos dedos. Agora existe. Existem smartphones!
Com isto o conceito tomou uma dimensão inigualável. E em vários mercados. O Uber tem provocado discussões em todo o mundo, mas não pelo modelo de negócio que ele propõe, mas sim pela quebra de paradigma, pelo modelo disruptivo que ela criou. Não tem legislação que o regule, tem apenas um ranking de motoristas e clientes elaborado pelos próprios usuários e prestadores de serviço. Com tarifas competitivas e qualidade incomparável. O Uber vem rompendo barreiras e criando uma nova forma de se fazer negócio. O cliente contrata diretamente um serviço de transporte urbano individual. Simples, prático e confiável. E o modelo utilizado pelo Uber também está presente em vários outros mercados. Decolar e Booking vendem passagens e hospedagem e a Airbnb tem foco em contratar hospedagens.
E o que aconteceu com as agências de viagem? Inúmeros apps para chamadas de táxis. Como ficarão as cooperativas de táxis? OLX, Mercado Livre, Alibaba e tantos outros para compras on-line, com segurança e outras conveniências. O que vai ser das lojas físicas? Netflix como opção para canais de TV.
E as empresas de TV por assinatura? Whatsapp para comunicação. Como será o futuro das operadoras? E até mesmo o Tinder para relacionamentos com um enfoque predominantemente sexual e que ameaça a dita profissão mais antiga do mundo.
O Uber nos presenteia, não com uma solução tecnológica, mas com uma reflexão sobre as mudanças comportamentais e sociais ocorridas com o advento da plataforma móvel. Nos conduz para uma análise profunda sobre a interferência dos smartphones nas atividades clássicas, nos reflexos das condutas profissionais e éticas, nas margens de lucro e nas atividades acessórias envolvidas nos meios de produção e comercialização de produtos e serviços.
Pense apps!
William Tadeu da Silveira
Entusiasta de apps
CEO da Mobilus Tecnologia
www.mobilus.com.br
Este post tem 5 comentários
Parabéns Wiliam, seu artigo traduziu o que percebemos no dia a dia e amplia ainda mais nossa visão.
Olá Wiliam Parabéns pelo seu artigo. Que promove no nosso subconsciente um que de paradoxo a respeito do cotidiano e das agora cotidianas “app facilidades”.
Ótimo posicionamento sobre o impacto da tecnologia atual sobre os modelos de negócio defasados.
A Uberização do mercado é inevitável!
Infelizmente discordo do seu texto. Sei que estamos num caminho sem volta, mas tudo tem q ter regras, nada adianta ter acesso fácil a serviços se não tivermos clientes suficientes para usufruir dos mesmos.
No caso da uber especificamente, existe sim uma legislação, porém é inevitável sua regulamentação!
Mas afirmar que é um serviço superior ao táxi é demonstrar falta de conhecimento do assunto, vide site reclame aqui onde a uber tem nota inferior aos APP pra táxi como 99 táxis e Easy Taxi, e uma quantidade de reclamações muito maior se levarmos em conta a quantidade de carros cadastrados!
A uber oferece um serviço de qualidade no modelo black,porém no modelo X tem carros como pálio 2008!!! Os táxis no RJ por exemplo só podem ter no máximo 5 anos de uso.
Realmente a uber usa um marketing que convence a todos q o serviço de táxi não é confiável e o da uber super seguro, mas na prática não é isso q acontece .
Sou a favor da regulamentação da uber como essa semana propôs o DF.
A uber permite motorista com carro em nome de terceiros, criando o aluguel do carro pra pessoas q não tem acesso a financiamentos, uma verdadeira precarização da mão de obra, pois pagar diária ao dono do carro e ainda 20% pra uber não é sustentável.
Ter diversos carros de modelos diferentes com 8 anos de uso rodando sem nenhuma identificação também não é seguro! Passar a responsabilidade de fiscalizar ao passageiro é no mínimo irresponsabilidade. Afinal qual passageiro antes de entrar no carro verifica se os pneus estão em condições?
Enfim, é muito fácil quebrar o paradigma através de um marketing bem feito, difícil é manter esse novo mercado funcionando satisfatoriamente pra usuários e prestadores.
Não se lamente! Discordar é um dos pontos positivos destes novos tempos de relações comerciais. Obrigado por expor o seu ponto de vista e nos permitir debater o assunto.
Eu penso que a regulamentação neste novo modelo de economia acontece naturalmente pela interação entre cliente e prestador de serviço, incluindo aqui a qualidade do serviço, a qualidade do veículo, o seu estado de manutenção e a sua limpeza interna e externa. Sem a necessidade de intervenção de governos ou orgãos reguladores. Se o serviço não for suficientemente bom, ele simplemente não se sustentará no médio prazo.
Quanto à existência ou não de demanda para os serviços, recorro à regra tradicional do mercado (oferta X procura) e que funciona naturalmente desde os primórdios das relações comerciais. Funciona tanto para produtos como para serviços. Se não houver demanda suficiente, o mercado se ajustará automaticamente e buscará por novas alternativas.
As reclamações, via internet ou outros mecanismos, são livres e devem acontecer normalmente tanto para os táxis como para os motoristas do Uber como para outros produtos e serviços. É parte do nosso momento histórico. Ainda bem!
Meu pai trabalhou por mais de 30 anos como taxista e já tive minha experiência, que por imposição do meu pai foi breve, como motorista de táxi também. Na profissão que abracei já tive a oportunidade de utilizar táxis, uber e serviços de motoristas “conveniados” com as empresas onde atuei. Assim como em todas as profissões, temos bons e maus profissionais que respectivamente prestam bons e maus serviços. Considero que conheço bem deste mercado tanto como prestador de serviço quanto como usuário. Por trabalhar fora o dia todo, resolvi também montar um restaurante self-service anos atrás. Foi também uma experiência muita rica e considero que também conheço bem do mercado tanto como fornecedor quanto como usuário. Também existem bons e maus serviços no ramo de alimentação fora do lar.
Conheço ainda, muito bem, a realidade de concessionários de placas de táxi assim como os de donos de carros que exploram motoristas. A exploração de motoristas em ambos os casos é inadimissível! Vivi isto em minha família durante minha infância e este é um ponto sobre o qual não abro mão. Sou contra! É inapropriado e incorreto! Perdoe-me pela minha intolerância sobre este ponto, mas minha experiência de vida me leva a este posicionamento.
Marketing não se sustenta. Concordo com você. Em nenhuma esfera. Qualidade de serviço/produto é o diferencial. Que tenhamos todos mais conforto e qualidade em um trânsito tão caótico como o nosso. Seja com taxistas, com Uber, transportes “conveniados” ou preferencialmente com transporte público de masssa com qualidade.
Obrigado por ler meu artigo e me permitir este momento extremamente gratificante de debater este ponto de vista com você.