O ambiente de negócios está mudando rapidamente, às vezes num ritmo até difícil de acompanhar e se adaptar. Somado ao fenômeno da globalização e dos avanços disruptivos na tecnologia, as empresas brasileiras enfrentam ainda a desaceleração econômica recente.
Frente a tamanhas incertezas, o líder de negócios deve se perguntar: vale a pena planejar quando nem sei para onde irá o país e o mercado nos próximos anos?
Nós do BCG acreditamos que sim. É justamente frente a crises e incertezas que planejar se torna ainda mais importante! Afinal, a crise irá passar; o crítico é identificar como fazer para navegá-la com segurança e ainda aproveitar e colher algumas de suas oportunidades.
Mas para isto, é preciso planejar de uma maneira inovadora e estabelecer estratégias adequadas para alcançar o sucesso e superar os obstáculos políticos e econômicos que o país enfrenta atualmente. De outra forma, sua Estratégia precisa de uma Estratégia.
Isto é o que abordamos em nosso mais recente livro “Your Strategy Needs a Strategy” (no português, “Sua Estratégia Precisa de Uma Estratégia”). Nele, apresentamos uma forma de escolher e colocar em prática a melhor abordagem para traçar planos eficazes em quaisquer circunstâncias – mesmo quando o ambiente é difícil ou incerto. São cinco possíveis abordagens para a sua Estratégia:
Clássica – seja grande: É a típica abordagem de Estratégia que as empresas já estão acostumadas a fazer. Envolve o ciclo “clássico” analisar, planejar e executar, e funciona para as empresas que podem prever o seu ambiente mercadológico com certa tranquilidade, mas que não conseguem ou não podem mudá-lo;
Adaptativa – seja rápido: A abordagem da Estratégia adaptativa funciona com empresas que não conseguem prever o seu ambiente e o seu mercado, e também não podem mudá-lo. Um exemplo clássico são empresas de mídia ou telecomunicações que enfrentam condições de rápidas mudanças e imprevisibilidade. Nestes casos, a adaptação aos novos cenários e a experimentação contínua se tornam as chaves para o sucesso;
Visionária – seja o primeiro: Essa abordagem funciona para empresas que conseguem antever ‘espaços vazios’ e assim mudar sua indústria. Aqui, realizar Planos Estratégicos para ser o primeiro a lançar produtos /serviços inovadores é obrigação para o sucesso.
Um exemplo claro dessa abordagem é a revolução dos aparelhos celulares que a Apple trouxe com o lançamento do iPhone, em 2007.
Formação – seja o orquestrador: As empresas que não podem prever o seu ambiente, mas conseguem mudá-lo por meio de ações colaborativas, devem se beneficiar da estratégia de formação. São empresas que claramente possuem a chance de se tornarem “orquestradoras” do mercado – regendo um grupo de empresas e stakeholders que vivem em um ambiente imprevisível. (Utilizando o exemplo anterior, a Apple usou a Estratégia de formação para desenvolver um ecossistema de colaboração com desenvolvedores de aplicativos, empresas de telecom e de mídia. Esses esforços culminaram em plataformas de grande sucesso da empresa, como a Apple Store e o iTunes);
Renovação – seja viável: A abordagem mais coerente para empresas que estão perdendo o jogo e precisam se adequar para sobreviver em um ambiente hostil. Um exemplo clássico são as empresas norte-americanas do setor bancário que, de certa forma, conseguiram escapar da crise em 2008 utilizando a Estratégia de renovação – corte de custos, preservação de capital e liberação de recursos para financiar as próximas etapas da “renovação”.
Escolher a Estratégia mais adequada a sua situação é essencial para delimitar planos assertivos aos objetivos de negócio da empresa. Mais além, é o ponto crucial (e o divisor de águas) entre a sua extinção ou a sua sobrevivência.
Em meio a instabilidade política e econômica do Brasil, como você se comportaria para superar os desafios e obstáculos da sua empresa? Qual abordagem de Estratégia você seguiria para se planejar nos próximos 3, 5, 10 anos?
Faça uma reflexão e verá que, no final das contas, “vale a pena, sim, planejar frente a crise atual”.
Christian Orglmeister
Sócio, Líder da Prática de Family Business do The Boston Consulting Group no Brasil
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